Hoje contaram-me esta história:
Muitos séculos após o cativeiro de Prometeu, Dioniso fez um pedido a Hefesto. "Conheço uma terra, há muito esquecida pelos deuses nossos pares e pelos homens, ela está cheia de homens bons, pios e simples, apesar da sua dura cerviz. Sofrem todos os dias do esquecimento dos seus e do isolamento causado por intransponíveis montanhas. Homens de bom coração que produzem os frutos que são usados nos meus dilectos banquetes e oferecem libações como ninguém o faz na terra. Rogo-te que pegues no ferro que usaste para prender o Titã, ferro indestrutível, e construas com ele uma estrada. Esses homens usarão essa estrada para acabar com o seu isolamento." Deméter que ouvia esta conversa entrou no palácio de Hefesto e, secundando Dioniso, pede-lhe para que forje uma máquina na qual possa transportar os seus dons e as azeitonas com que a virginal Atena favoreceu aquele sítio!
Hefesto acede a tais pedidos e constrói esse caminho no qual põe a circular um carro, também ele de negro ferro, alimentado com fogo da sua forja mais veloz que os cavalos de Apolo que atira ao longe. Sabendo que esses homens são bons e tementes constrói-a no sitio mais belo que se possa imaginar. Rompe as pedras dos montes à beira de um Rio e pede às suas ninfas que velem pela estrada.
Durante muito tempo as pessoas viveram felizes com esta dádiva dos deuses que são para sempre.
Um funesto dia as Erínias pavorosas, quando conheceram tal prodígio, pensaram em destruí-lo porque aqueles homens apesar de tementes aos deuses eram orgulhosos, não se prostravam perante os do hades e recusavam todas as servidões. Apareceram ao senhor daquela terra e com negros venenos impeliram-no a destruir aquele caminho. Como não pudesse destrui-lo, o senhor daquela terra mandou que se fechasse o rio com grandes muralhas, inundando assim o caminho e apagando a chama ardente da máquina de Hefesto.
Tentam hoje construir essa muralha apesar de saberem que o fogo de Hefesto arde debaixo do chão onde ela é fundada, que o rio que eles tentam aprisionar se enfurece contra a jaula e que o Povo que lá mora voltará, descontente, ao antigo isolamento. Mas as Erínias contentar-se-ão, elas que sempre invejaram a beleza daquela terra e o coração daquela gente.
Sem comentários:
Enviar um comentário