quarta-feira, 7 de maio de 2008

Homo homini lupus

Penso que terá sido Ludwig Feuerbach (tenho de confirmar) que terá dito que o sistema de Adam Smith era mais perfeito que todos os sistemas uma vez que não pretendia mudar o homem mas usava todas as suas imperfeições para o tornar mais perfeito.

Em teoria, e seguindo o raciocínio do inglês mas indo para além dele, se todos formos leais, verdadeiros… Podemos confiar uns nos outros e reduzir custos (custos de busca por exemplo, podemos reduzir custos na contratação, reduzir custos resultantes das assimetrias de informação. É necessária, por exemplo, a prestação de informações verdadeiras sob pena do aumento do risco nas relações contratuais que levará (ceteris paribus) ao aumento dos custos associados à tomada de uma decisão (aumento do custo dos serviços e do juro por causa de fenómenos como a selecção adversa e o risco moral ou Moral Hazard)). Temos todos a ganhar se formos "boas pessoas" e se formos "racionais" vamos sê-lo. (Também sei que a ideia de perfeita racionalidade do homo economicus é historicamente datada).
Na prática, porém, cada vez mais é necessário punir para que as pessoas se ajudem umas às outras. A emulação decorrente da concorrência torna-nos maus de modo a querermos ganhar a qualquer custo. Esquecemos o significado da palavra solidariedade. Só um tolo com pouca ambição terrena ou um génio que não se sinta ameaçado pela concorrência (há mais pessoas mas dá para entender a ideia) é que pensa naquilo a que Lévinas dá o nome de responsabilidade pelo outro. A concorrência faz com que nos devoremos uns aos outros, mas também perece ser uma das fontes do progresso tão rápido do mundo de hoje. Esperemos que esta aceleração não seja, como dizia Baptista Machado, igual à do resvalar da água para o abismo.

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