domingo, 27 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
"Nunca além do poder, se encarou o paiz; nunca o estado servio de ponto de apoio, do centro promotor do progresso individual e social. Tem-se empunhado o poder, como meio de acquisição de fins privados, de clientela: tem-se sido governo, mas não se tem governado.
A governação, tem sido convertida em uma espécie de Igreja militante, em que só são admittidos os iniciados nos mistérios da seita theocratica do poder, que fazendo-se a donatária exclusiva do paiz, se tem collocado, por esse exclusivismo mesmo, muito longe de poder governar, curando como lhe cumpria dos interesses públicos. Em semelhante modo de ser, taes interesses não podem ser attendidos; por que o interesse máximo de taes administrações, não pode ser outro, senão o interesse dessas parcialidades, de que fallamos; impor e sustentar uma situação anómala, em que as facções vigoram e dominam; em que o paiz enfraquece e se desmoralisa."
Francisco Joaquim de Almeida Figueiredo, in "Instrucção Publica e Governo", Lisboa, Impr. Commercial, 1854 [via off. de E. de Sousa, em bom papel e asseada edição]
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
"Não nos FODAM que somos pobres"
Depois disto só uma coisa me vem à cabeça: ao contrário do que diz Saramago no Memorial do Convento não é Lisboa que mastiga mais com um lado da boca mas é o País que mastiga apenas com os dentes da frente. Se o PIB nacional fosse igual ao da região de Lisboa não seriamos miseráveis.
Para compensar, os Serviços Centrais (para não dizer a merda do governo e os filhos da puta que compõem tão pestilento órgão colegial), além de não ajudarem ainda estorvam. Preferia ser deixado à minha sorte do que ter de mandar a pouca riqueza que ainda cá há para um lugar que, apesar de pessoalmente me dizer muito, culturalmente não me diz nada.
É isso que “Lisboa” (que aqui representa o Governo Central) significa para quem está nesta zona. Um lugar que nos Rouba e que nos fode a, já de si má, vida que temos. Lisboa é para Trás-os-Montes o lugar que aloja uma peçonha de tal modo grande que de bom grado tiraríamos à bala ou à machadada.
“Auxílio ao desenvolvimento”… deixem-nos viver e não nos lixem. Os textos técnicos dizem “Os prejuízos causados a nível local só são equilibrados pelos benefícios a nível nacional” e aparece um primeiro ministro a dizer que é bom… Só se for para construir o “País mais pobre” que ele pediu no ano passado.
Imagem gentilmente furtada no Blasfémias.sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Quero isto:
Na edição da Gallimard “nrf”(que está na imagem) e não na “Folio”.
E quero rever isto e o respectivo DVD.
Queria…
…escrever dois postais decentes nos quais dizia qualquer coisa sobre o quão mal encaminhada vai a questão do Tua e discorria sobre as minhas lucubrações recentes sobre tudo e nada, deus, existência, verdade, moral, justiça e o raio que me parta. Contudo, depois da porra do memorando que tenho estado a fazer - a coisa mais secante do universo sem conteúdo jurídico - e do restante trabalho giro, não consigo escrever nada.
Fica a notícia: As minhas camisas cor-de-rosa voltaram a ser brancas após muito “choro e ranger de dentes” (e pedidos de facturas para fazer prova num Julgado de Paz perto de si).
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Bem haja quem me mandou este mail
I just had an argument with a girl I know. She was saying how it's unfair that if a guy fucks a different girl every week, he's a legend, but if a girl fucks just two guys in a year, she's a slut. So in response I told her that if a key opens lots of locks, then it's a master key. But if a lock is opened by lots of keys, then it's a shitty lock. That shut her up.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Depois de ter recuperado os tímpanos…
… deixo ficar dois vídeos de duas das melhores encenações do concerto de ontem.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
sábado, 3 de outubro de 2009
Pare, Escute, Olhe
Dezembro de 1991: uma decisão política encerra metade da linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. 15 anos depois, essa sentença amputou o rumo do desenvolvimento, acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal. Agora, o comboio é ameaçado por uma barragem. Pare, Escute, Olhe é uma viagem através de um Portugal esquecido, vítima de promessas políticas oportunistas.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Pragmatismo masculino
PS: O primeiro "post" a partir do trabalho.
(Vídeo completo e informações adicionais sobre o novo álbum destes senhores aqui.)
sábado, 26 de setembro de 2009
Tirando o pó
Há falta tempo para actualizar isto, tendo este facto em conta aqui fica uma pequena actualização. Deixo isto agora e não amanhã que é para que ninguém pense que isto veio aqui parar por motivações políticas.
domingo, 30 de agosto de 2009
Um hino do séc. XIII
Dies irae
Aqui ficam as minhas versões favoritas deste hino. A versão gregoriana tem valor sentimental: há dez anos que a aprendi, por esta altura, quando iniciei a vida eclesiástica. Remeto-vos para o texto latino e para uma tradução deste hino do século XIII.
O seu autor inspirou-se no livro do apocalipse de S. João.
Verdi
Mozart
Gregoriano
sábado, 29 de agosto de 2009
Para quando a regulamentação da masturbação?
O que foi feito da boa velha liberdade?
“Há problemas que o legislador tem de acautelar - gente que não telefona no dia seguinte, que não partilha despesas com hotéis”
“Se uma das partes da "união sexual fortuita" não contactar a outra nos dois dias seguintes ao início da "união", objectos ou haveres esquecidos na residência de uma delas passarão automaticamente para a propriedade da vítima.”
Na noção de sexo fortuito acho que cabe perfeitamente a “queca nunca mais nos vamos ver e nós sabemos disso”, “vítima”? foi uma queca caralho!
Já me ri e escandalizei tanto com isto… acreditei e pensei que era verdade mas parece que não, dá apenas que pensar.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Convocatória 2/2009
Tu que sabes que este post te está endereçado, faz o favor de o ler antes de dizeres: “oh páh lá está este _____ com as ____ dele”.
Considerando:
- uma conversa tida com Лев Давидович;
- a impossibilidade de comparecer dia 28;
- o facto de umas cervejas por semana não matarem ninguém;
- isto e todos os motivos ali adiantados.
Vinde-vos também, dia 11 ou 12 de Setembro, sexta-feira ou sábado respectivamente, até à Brasileira do Chiado onde nos encontraremos para um périplo pelos bares da zona e, se der, pelos arredores.
Haverá muita animação e conta-se com a presença de macacos leões, anões e gajas nuas… não haverão gajos nus porque isso é, na minha humilde opinião, nojento.
Avisai por pombo correio ou outro meio electrónico ao vosso dispor.
Comparecei.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Felix Mendelssohn – Concerto para Violino em Mi menor
Nasceu em Fevereiro de 1809 (sei-o porque mo perguntaram algures numa entrevista, qualquer coisa do tipo: “ah, ouve música clássica e gosta, então diga-me de qual compositor se celebra este mês o bicentenário do nascimento?). Comecei a ouvi-lo há pouco e gostei deste concerto para violino.
Quando for melómano conseguirei escrever qualquer coisa sobre ele, enquanto esse dia não chega deixo um bis.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Adaptando uma piada
Ao que parece na barragem da foz do Tua a produção de energia será apenas de apenas 0,05% das necessidades do consumo nacional de electricidade, se eu me fosse casar com base numa probabilidade de 0,05% de fidelidade deixava que me chamassem Berlusconi.
A piada original está no programa da semana passada, esta semana um dos pontos altos é a explicação da crise financeira às crianças.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Reportagem especial SIC - Fim de Linha
Orgulho-me de ser Transmontano e envergonho-me de ser português! Ter um governo de merda, com pessoas merdosas (algumas, principalmente as eleitas - atenção, eu sou democrata) que apenas estão no poder para se governar não pode causar em mim nada mais do que repulsa. O debate baseia-se não na geração de soluções mas na criação de distinções, mesmo que estas sejam más. Há cada vez mais dificuldade em distinguir a respublica da coisa privada. O uso do poder para favorecer o clã é cada vez mais notório. Com muita dificuldade me custou a acreditar que voltámos ao século de Eça. Hoje acredito nisso!
Estou cada vez mais triste com este país que não consegue deixar de ser uma miséria porca fomentada pelo estado. Então ó Sr. Luís Vaz, a linha não tem valor turístico? Não peço vergonha, apenas bom senso!
quinta-feira, 30 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Limpando o pó!
Esta choça tem estado paradita, é a constatação brilhante do fulano que tem martelado no teclado de um PC, que já não o deixa jogar tudo aquilo que ele quer, estas fracas linhas!
Tenho estado absorvido a ler uma grande obra sobre a história pátria coordenada pelo Prof. José Mattoso. Não faço muito mais excepto pensar na vida, para além disso custa-me, cada vez mais, a escrever. Sei que nunca tive grande habilidade para o fazer, assim como nunca fui capaz de reproduzir, mesmo oralmente, com grande clareza aquilo que penso. Fiz uma pausa nisto até que me apeteça. E é para isso que os blogues do comum dos mortais servem, para escrever e publicar quando apetece.
Quando me lembrar cá deixarei qualquer coisa!
quarta-feira, 8 de julho de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
Reencaminhar ou não, eis a questão
Um email que recebi hoje foi a gota de água. Aqui fica o motivo pelo qual, geralmente, não reencaminho mensagens.
Vou voltar ao DIP!
domingo, 5 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
Vale do Tua: um crime lesa-património
Por Alberto Aroso no Público de hoje (28 de junho de 2009).
sábado, 27 de junho de 2009
Piada industrial
No trabalho que estou a fazer, estou a inventar tanto que já ponderei requerer uma patente.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
terça-feira, 23 de junho de 2009
No crava
É só para vos pedir, a vós pessoas bondosas que passais por aqui e tendes um artigo do "The Journal of World Intellectual Property" de 2002 chamado: "On Parallel Importation, TRIPS and European Court of Justice Decisions" de D. Sindico que mo mandeis para o endereço de correio electrónico que vem no perfil.
Não o consigo encontrar e querem 35$ (US) por aquele artigo na página online da revista, será que é só por ser estudante que acho que aquele preço é um roubo ultrajante? (Tem 11 páginas e nem sei se está bom).
Agradeço, desde já, o favor.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
domingo, 14 de junho de 2009
A minha preparação para DIP
Quando chega a Tarso encontra-se com Balduíno de Bolonha que lhe oferece 1000 florins para que ele vá com ele para Edessa e o ajude a convencer Teodoro de Edessa a adoptá-lo (com a finalidade de ser filho e logo herdeiro do Rei). François aceita. Chamam a este contrato “serviço militar e diplomático para mandar naquilo”.
Quando iam a caminho de Edessa decide juntar-se a Boemundo de Taranto porque um cerco e um massacre em Antioquia eram planos muito mais interessantes do que tomar pacificamente uma cidade.
Aquando de uma luta à entrada da cidade de Antioquia, após terem sido abertas as portas, All Jazeer mata-lhe o cavalo (que era o único que não tinha sido comido durante o cerco porque era um “bicho tão inteligente que só lhe falta falar”). François quer uma indemnização mas o turco Al Jazeer diz que na Turquia não se aplica o regulamento Roma II e lei que se aplica a lei Turca que diz que não se pagam indemnizações àqueles com que se anda à porrada. Mais ainda, argumenta, mesmo que o regulamento se aplicasse por força do princípio da universalidade, seria a lei Turca a lei do lugar do dano porque Antioquia ainda era Turca quando o cavalo foi morto.
All Jazeer era filho de um soldado Turco e de uma lavadeira nascida no Condado Portucalense.
François quer praticar em Al Jazeer o in partes secanto mas dizem-lhe que agora já não pode.
Entretanto Boemundo (que agora já é de Edessa) quer uma indemnização pelos danos emergentes e os lucros cessantes resultantes do incumprimento contratual de François.
Vêm todos intentar uma acção no tribunal de comarca de Braga porque "o D. Henrique de Borgonha é um gajo porreiro e como já foi cruzado percebe destas coisas. Para além disso tem lá padralhada que percebe do jus".
Quid juris?
O meu estudo foi também este:
E este:
(Nota: a banda sonora do jogo não é esta ou eu não o jogava!)
(Post scriptum: vou a oral que me...)
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Do merecimento ou “O que tu merecias sei eu bem…”
O que é que merece um fulano que passou alguns anos da sua vida a interpretar textos, refuta o positivismo com todas as suas forças e segue cegamente instruções que vão contra tudo aquilo que as regras de ciência, experiência e o senso comum ensinam? Agravando o exposto esse gajo desconfiou do texto em questão e sabia que aquele tinham sido feito por pessoas que não estão habituadas a fazer ou a seguir textos deste tipo. Será que deve passar um período contínuo ou interpolado de 4 a 5 horas a limpar a porcaria causada por este acto ignaro? Eu acho que sim.
E esse fulano não deverá fazer uma directa a recuperar o tempo que perdeu a ler uma porcaria que se chama "Introdução ao Direito Internacional Privado" quando "viu claramente visto" que aquela bodega, quer pelo reduzido número de páginas quer pela doutrina acolhida ia servir para pouco mais que espalhar a confusão e fazer perder tempo útil que podia ser utilizado a ler o manual do Prof. Lima Pinheiro ou as aulas do Prof. Dário Moura Vicente?
Faltam três dias e estou desgraçado. Já penso seriamente em ir a oral directa!
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Rachmaninov
Piano Concerto No.2 in C minor, op.18
Primeira parte:
Segunda parte:
Prelude #5 in G minor, Op.23/5
Já gostava delas antes de me fazerem rir!!!
domingo, 7 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
Descobertas
O Xarope pa tosse
e o
Vendo a minha mãe
Neste último podemos encontrar anúncios como este:
este:
e mais este:
quinta-feira, 4 de junho de 2009
GANA - O Reino Animal
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Não esquecer
E pronto, daqui a uns anos, se acontecer alguma coisa, quem cá ficar que enterre os mortos e reconstrua as casas… se quiser.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Pessoas com...
Fico azul só de pensar que a DIA foi favorável!
(A minha opinião sobre o assunto está na etiqueta "LINHA DO TUA").
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Panis et circus
Os fundos para conservação da natureza e essas tretas de taxas de remoção de barreiras administrativas só servem para uma coisa: fazer de conta que se protege destruindo! Não é nova, vivemos num país em que as pessoas só olham para o show off da "corrupção" outras tretas e não vêm o que está por detrás disso! Não gostam de história porque ela "não serve para nada" e por isso têm uma memória curta. Tantas vezes há "polémicas" de caca para as quais as pessoas olham e que só servem para lhes desviar a atenção de outras coisas mais importantes (v. g. o casamento entre homossexuais, algumas – não todas - tretas sobre a justiça…)
Um exemplo do funcionamento das taxas para remoção de barreiras administrativas: havia a possibilidade, em Lisboa, de substituir as garagens obrigatórias em prédios urbanos a edificar em Lisboa por uma taxa que seria (se eu não me engano) para melhorar os parques de estacionamento. A taxa ficava mais barata que a construção de garagens e Lisboa hoje é a porcaria que é…
As taxas dessas obras servirão para o mesmo, alimentar os gestores dos fundos e emprega-los e amanhã quem vier que se amanhe…
Outro exemplo de palhaçada: as Europeias onde parece que se discutem as legislativas. Se as pessoas soubessem quais são as atribuições do Parlamento Europeu perceberiam que, salvo raras vezes, aquilo que se está a apregoar é mentira. Se as pessoas soubessem como funciona o Orçamento da Comunidade e conhecessem a sua história duvidariam de grande parte das propostas que aparecem (apesar de parecer que essas propostas são um acidente no discurso "a pensar nas legislativas e na penalização do Governo).
segunda-feira, 4 de maio de 2009
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Revivendo o espírito do PREC
As comemorações de hoje serviram para isto! E servem para nos lembrar que para estes senhores e para os outros que são como eles há apenas uma coisa, o populismo e mais tarde a ditadura. Há coisas, no entanto, que mudaram: se tivesse sido em 1974 Vital Moreira e quem acorreu em seu auxílio seria apodado de "facista", como foram muitos democratas desse tempo. Jorge Miranda quando propôs um sistema de governo semi-presidencialista ou outros (de quem agora não me lembro, não decorei o D. A. C.) quando pediram prorrogação do mandato da comissão dos direitos fundamentais apanharam com esse rótulo. Lembro-me de ter lido que: "os direitos fundamentais são um impedimento ao desenvolvimento da revolução, não há necessidade deles porque no fim da revolução todos serão livres. Devemos lutar contra a opressão destas forças fascistas…" (esta foi dita, mais ou menos assim, por Vital Moreira, mas isso, para o ilustríssimo académico já são águas passadas e ainda bem).
Ainda bem que as coisas já não são como nesses anos. Entre a opressão da "Ditadura do Grande Capital" e a liberdade "Democracia Socialista" prefiro a primeira. Prefiro ser oprimido a ter de ganhar dinheiro para comer a ser insultado e rechaçado por democratas que pensam de maneira diferente!
O "ensinamento" que retiramos das acções de hoje é o seguinte: o comunismo possui uma arrogância moral tão grande e uma sensação de que consegue interpretar a vontade do povo que suprime toda a ideia daquilo que seja a liberdade. A justificação pelo "sofrimento dos trabalhadores" é a confirmação desta tese.
Eles ainda lhe chamam "Democracia".
terça-feira, 28 de abril de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
Este programa…
Comecei por sentir saudades do "The News Quiz", programa que ocupava o espaço do "Friday Night Comedy from BBC Radio 4". Mas o "Now Show" de ontem foi brutal! A começar pelas promessas de retoma no orçamento em tempo de eleições, passando pela tortura como o método de descoberta da verdade "que nos ajudou a apanhar todas aquelas bruxas no Séc. XVII", as lombas na estrada e os exames!... Passa-nos a ideia de que apesar de em Portugal estarmos mal lá fora também há uma espécie de estupidez governamental generalizada (em menor grau de gravidade e com mais dinheiro mas…).
Aqui está a hiperligação para o programa, aqui o site do dito!
Marilyn Manson - Sweet Dreams
Sweet dreams are made of these
Who am I to disagree?
Travel the world and the seven seas
Everybody's looking for something
Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused
Sweet dreams are made of these
Who am I to disagree?
Travel the world and the seven seas
Everybody's looking for something
Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused
I wanna use you and abuse you
I wanna know what's inside you
Movin' on, movin' on, movin' on
Movin' on, movin' on, movin' on, movin' on
Sweet dreams are made of these
Who am I to disagree?
Travel the world and the seven seas
Everybody's looking for something
Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused
I'm gonna use you and abuse you
I'm gonna know what's inside
Gonna use you and abuse you
I'm gonna know what's inside you
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Deixem-me tentar (ou, se calhar a minha vocação não é esta, a da escrita!)
Hoje contaram-me esta história:
Muitos séculos após o cativeiro de Prometeu, Dioniso fez um pedido a Hefesto. "Conheço uma terra, há muito esquecida pelos deuses nossos pares e pelos homens, ela está cheia de homens bons, pios e simples, apesar da sua dura cerviz. Sofrem todos os dias do esquecimento dos seus e do isolamento causado por intransponíveis montanhas. Homens de bom coração que produzem os frutos que são usados nos meus dilectos banquetes e oferecem libações como ninguém o faz na terra. Rogo-te que pegues no ferro que usaste para prender o Titã, ferro indestrutível, e construas com ele uma estrada. Esses homens usarão essa estrada para acabar com o seu isolamento." Deméter que ouvia esta conversa entrou no palácio de Hefesto e, secundando Dioniso, pede-lhe para que forje uma máquina na qual possa transportar os seus dons e as azeitonas com que a virginal Atena favoreceu aquele sítio!
Hefesto acede a tais pedidos e constrói esse caminho no qual põe a circular um carro, também ele de negro ferro, alimentado com fogo da sua forja mais veloz que os cavalos de Apolo que atira ao longe. Sabendo que esses homens são bons e tementes constrói-a no sitio mais belo que se possa imaginar. Rompe as pedras dos montes à beira de um Rio e pede às suas ninfas que velem pela estrada.
Durante muito tempo as pessoas viveram felizes com esta dádiva dos deuses que são para sempre.
Um funesto dia as Erínias pavorosas, quando conheceram tal prodígio, pensaram em destruí-lo porque aqueles homens apesar de tementes aos deuses eram orgulhosos, não se prostravam perante os do hades e recusavam todas as servidões. Apareceram ao senhor daquela terra e com negros venenos impeliram-no a destruir aquele caminho. Como não pudesse destrui-lo, o senhor daquela terra mandou que se fechasse o rio com grandes muralhas, inundando assim o caminho e apagando a chama ardente da máquina de Hefesto.
Tentam hoje construir essa muralha apesar de saberem que o fogo de Hefesto arde debaixo do chão onde ela é fundada, que o rio que eles tentam aprisionar se enfurece contra a jaula e que o Povo que lá mora voltará, descontente, ao antigo isolamento. Mas as Erínias contentar-se-ão, elas que sempre invejaram a beleza daquela terra e o coração daquela gente.
sábado, 18 de abril de 2009
The Tua Railway
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Uma das cidades mais bonitas que conheço!
Catedral de Miranda ("como diz?").
Vista para o rio Douro. Naquelas fragas foi esculpido, pela natureza, um 2 que se consegue ver do adro da Catedral. Dizem que quem lá estiver e não o conseguir ver não se casa!
Chamem-me o que quiserem mas estas coisas deixam-me confuso!
Não percebi muito bem o que aquilo era mas pareceu-me mais dinheiro mal gasto!
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Grandes "covers" em fado castiço!!!
Podemos ouvir aqui (na secção músicas) alguns trabalhos do artista. Ouvi pela primeira vez no Laboratólarilolela!
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Formas de criação de riqueza sem destruir a natureza e o património edificado
segunda-feira, 6 de abril de 2009
MCLT - Carta aberta ao MOPTC
Exmo. Sr. Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações
Exma. Sra. Secretária de Estado dos Transportes
A calamitosa política de transporte seguida para as Vias Estreitas (VE) do Douro nas últimas três décadas atingiu o ponto de ruptura. A falácia do prejuízo nestas vias-férreas, mesmo tratando-se de um serviço público a manter para bem da solidariedade e coesão social, e malgrado a forma danosa como têm sido administradas, esquece convenientemente os desastres financeiros da Carris e dos Metros do Porto e de Lisboa, averbando respectivamente prejuízos crescentes na ordem dos 18, 150 e 160 milhões de euros, suportados por todos os portugueses, do Litoral ao Interior e Ilhas.
O fundamentalismo do alcatrão culminou na imobilização de todo o país em Junho de 2008, face à dependência do petróleo e da rodovia, assistindo-se a uma escassez de víveres preocupante numa questão de dias, enquanto apenas 3% das mercadorias é transportada por via ferroviária. O favorável panorama petrolífero actual é passageiro, e será agravado pela imposição das chamadas taxas ecológicas, com impactes muito pesados para o transporte rodoviário de mercadorias. (Continua...)
Se fosse em Portugal isto não estaria assim… talvez um poucochinho degradado ou em ruínas
Salamanca (Nota histórica sobre a universidade
)sábado, 4 de abril de 2009
"The Sunday supplements of the New York papers played up the case with fascinating sketches which showed the head of Benjamin Button attached to a fish, to a snake, and, finally, to a body of solid brass. He became known, journalistically, as the Mystery Man of Maryland. But the true story, as is usually the case, had a very small circulation."
F. Scott Fitzgerald, The Curious Case of Benjamin Button
Apatridia
Pertenço à gente que nasceu no meio das fragas, que apesar de ser gente dura é diariamente achincalhada por farsantes!
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Alguns vídeos da linha do Tua
Espero que a última imagem não seja um mau augúrio para Trás-os-Montes apesar de imagens como esta fazerem, cada vez mais, parte da paisagem!
O Jornalismo (?) em Portugal
Esta notícia está escrita de maneira esquisita. Diz aquilo que não diz e insinua o que não chega a dizer!
Diz-se que “ao contrário do que tem sido veiculado, os quatro acidentes com outras tantas mortes, nos últimos dois anos, não são casos isolados ao longo dos 120 anos desta ferrovia”. O problema é que o que foi veiculado foi que não houve acidentes como os dos últimos anos.
Um rebentamento de pólvora de um fogueteiro parvo, não se assemelha aos descarrilamentos dos últimos anos. A morte de Abílio Bessa não ocorreu, também, por falta de segurança na linha assim como “em 1961, o embate do comboio numa camioneta fez mais um morto e dois feridos” é falha humana e não prova da inviabilidade ou falta de segurança da linha, prova… falha humana!
E os outros oito mortos que faltam? Teriam morrido porquê? Sabem ou dizem o que é considerado como acidente? Há umas semanas a linha amarela do Metropolitano de Lisboa esteve a manhã toda sem funcionar, por causa de um acidente com uma "vítima" mortal!
Para além de, claramente sem querer, dar razão àqueles que defendem o melhoramento da via que tem sido deixada à degradação esta notícia vem sugerir que se feche o IP4, claramente mais mortífero do que a linha do Tua.
Qual será o interesse desta gente?
Fica aqui uma viagem de quem gostou:
quinta-feira, 2 de abril de 2009
As duas coisas que não me têm saído da cabeça hoje
A outra é mais séria. O governo está a pensar criar ciclovias nalgumas linhas de caminho-de-ferro desactivadas do Norte. Mas expliquem-me uma coisa: a ideia deste conceito não é criar condições, em lugares de grande tráfego automóvel, para que as pessoas possam passear a pé, de bicicleta, & c. em segurança, por zonas onde a paisagem é bonita?
Sim, o governo teve uma ideia porreira pah… caminhos em terra batida bem tratados e separados do tráfego automóvel perto de paisagens bonitas não existem por aqueles lados! Fazem mesmo falta, por lá é só carros e transportes púbicos, até faz aflição ter de parar de 5 em 5 minutos a cada passagem de nível para deixar passar os comboios!
domingo, 29 de março de 2009
sábado, 28 de março de 2009
O Estado Raposa em período de eleições
Train Tua - Douro, Portugal
Enviado por Channel_Zero
Há algum tempo, em conversa com amigos, disse que a linha do Tua não iria reabrir ou encerrar definitivamente antes das eleições, ao contrário do que tinha sido anunciado pelo MOPTC. Hoje, infelizmente, vejo que as minhas suspeitas se concretizaram.
Não sendo eu vidente como o professor Karamba como é que eu sabia que não ia reabrir? Simples, a decisão de encerrar a linha definitivamente iria custar muitos votos dos transmontanos, que apesar de serem poucos também se contam e, para além disto, podiam gerar um burburinho nalguns sectores da opinião pública que fizesse com que se perdessem mais votos ainda. Há um principio básico da politica que diz que governo não pode tomar decisões polémicas ou impopulares perto das eleições.
A linha precisa de melhoramentos, sem dúvida. Uma reforma de toda a infra-estrutura de modo a tornar as viagens mais rápidas e seguras para o transporte de pessoas e mercadorias, com maiores valências em termos turísticos, seria óptimo. Contudo não acredito que as razões apresentadas sejam as razões verdadeiras desta decisão!
Uma das obras que muitos dos nossos políticos aprenderam na sua formação (e à qual foram, certamente, dedicadas muitas aulas de ciência política) foi o Príncipe de Niccolò di Bernardo dei Machiavelli. Lá encontramos passagens que são seguidas à letra no nosso país. Deixo dois exemplos:
O primeiro, apesar de já ter sido mais usado, principalmente pelo Professor Aníbal:
"Estando, então, um príncipe necessitado de saber usar bem o animal, deve eleger como tal a raposa e o leão; porque o leão não se defende das armadilhas e a raposa não se defende dos lobos. Necessita, pois, de ser raposa para conhecer as armadilhas, e leão para amedrontar os lobos."
O segundo, por nós sobejamente conhecido:
"Todos sabem quão louvável é um príncipe ser fiel à sua palavra e proceder com integridade e não com astúcia; contudo, a experiência mostra que só nos nossos tempos fizeram grandes coisas aqueles príncipes que tiveram em pouca conta as promessas feitas e que, com astúcia, souberam transtornar as cabeças dos homens; e por fim superaram os que se fundaram na sua lealdade."
Apesar de não haver consenso, entre os estudiosos da obra de Maquiavel, sobre se a obra era, verdadeiramente, um conselho ou uma descrição crítica realista, é certo que esta obra é das obras primeiras da ciência politica, nem que seja por inaugurar um estilo. Mas como todas as descrições têm falhas ou pontos que não foram bem aclarados (e esta é uma obra cheia deles) penso que os nossos políticos deviam praticar e analisar a obra à luz de dados empíricos actuais. Os príncipes, principalmente nas terras do sul da Europa, conseguem fazer tudo o que querem quando o povo tem a barriga cheia. Já quando a barriga se começa a esvaziar, as faltas à palavra dada deixam de ser toleradas, a manha de raposa é descoberta, o rugido de Leão é abafado pelos gritos de revolta e o Príncipe, outrora como o sol, morre na sombra do exílio ou é guilhotinado.
Neste período em que já ninguém acredita no governo, principalmente os transmontanos, ficamos à espera que, desta vez, estes ensinamentos não sejam seguidos. Esperamos que deixem de brincar com uma região economicamente deprimida.
Caso queiram continuar a brincar, que rezem (como eu rezo) pela manutenção da democracia. Apesar de muitos destes príncipes não gostarem dela, para eles é melhor assim, afastam-se os tormentos testemunhados pela História com uma cruz noutro quadradinho.
(As frases entre aspas foram citadas da obra O Príncipe de Maquiavel na tradução Portuguesa editada pela Guimarães Editores em 1996 e traduzida por Carlos Eduardo Soveral).
O Requiem de Mozart e o leite
Ao resolver um caso relacionado com carne tenra e bossa-nova lembrei-me disto:
Mozart não compôs todo o Requiem em Ré menor porque morreu entretanto. Já ouvi dizer que não se sabe ao certo quais foram as partes compostas por ele. Uma vez que há pouco tempo descobriram que as vacas que ouvem obras compostas pelo génio Amadeus dão mais leite. Porque é que não descobrem de uma vez quem fez o quê!
Se amanhã a "Mimosa" do Ti Jaquim der menos um quartilho de leite depois de ouvir o Dies Irae, então é porque aquela parte é de Franz Xaver Süßmayr.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Frase gira
"Remota justitia, quid sunt regna nisi magna latrocinia?"
Aurélio Agostinho, De civitate Dei
(P.S.: Esta frase também serve para picar um Sr. positivista que gosta do Autor citado).
domingo, 22 de março de 2009
Soon...
Sondagem
Fiz uma sondagem aos leitores do blogue (5 pessoas, parece que as visitas que isto tem são causadas porque eu uso excessivamente o botão "refresh"). Como já terminou há uns meses e eu quero tirar aquilo dali do lado venho por este meio dizer que há duas pessoas de centro-direita e três de centro-esquerda. Eu votei no centro-direita só para ser do contra, reconheço que é necessária a intervenção do Estado por causa dos problemas existentes numa sociedade de risco, apesar de tudo, dentro do intervencionismo, não tolero (ai não! Só se eu tivesse o pau é falaria própriamente em tolerância!) que o estado meta o nariz em tudo... blá.. blá… blá… Pronto, já disse. Agora vou proceder à remoção daquela coisa!
sábado, 21 de março de 2009
Para acabar as comemorações do “Dia mundial da poesia”
...e deixo mais dois poemas.
Invocação à Noite
Ó deusa, que proteges dos amantes
O destro furto, o crime deleitoso,
Abafa com teu manto pavoroso
Os importantes astros vigilantes:
Quero adoçar meus lábios anelantes
No seio de Ritália melindroso;
Estorva que os maus olhos do invejoso
Turvem d'amor os sôfregos instantes:
Tétis formosa, tal encanto inspire
Ao namorado Sol teu níveo rosto,
Que nunca de teus braços se retire!
Tarda ao menos o carro à Noite oposto,
Até que eu desfaleça, até que expire
Nas ternas ânsias, no inefável gosto.
Não te amo
Não te amo, quero-te: o amor vem da alma.
E eu na alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! Não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já, comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
O Palácio da Ventura
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busca anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão -- e nada mais!
Antero de Quental
A Bênção da Locomotiva
A obra está completa. A máquina flameja,
Desenrolando o fumo em ondas pelo ar.
Mas, antes de partir mandem chamar a Igreja,
Que é preciso que um bispo a venha baptizar.
Como ela é concerteza o fruto de Caím,
A filha da razão, da independência humana,
Botem-lhe na fornalha uns trechos em latim,
E convertam-na à fé Católica Romana.
Devem nela existir diabólicos pecados,
Porque é feita de cobre e ferro; e estes metais
Saem da natureza, ímpios, excomungados,
Como saímos nós dos ventres maternais!
Vamos, esconjurai-lhes o demo que ela encerra,
Extraí a heresia ao aço lampejante!
Ela acaba de vir das forjas d'Inglaterra,
E há-de ser com certeza um pouco protestante.
Para que o monstro corra em férvido galope,
Como um sonho febril, num doido turbilhão,
Além do maquinista é necessário o hissope,
E muita teologia... além de algum carvão.
Atirem-lhe uma hóstia à boca fumarenta,
Preguem-lhe alguns sermões, ensinem-lhe a rezar,
E lancem na caldeira um jorro d'água benta,
Que com água do céu talvez não possa andar.
Guerra Junqueiro
Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica
E eu sou um mar de sargaço –
Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.
Fernando Pessoa
Tempo
Tempo — definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.
Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.
Tempo...
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!
Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!
Miguel Torga
quarta-feira, 18 de março de 2009
Procedimento administrativo e crise
Uma das coisas que mais se ouve por aí é: "Estamos num período de crise, não devemos, por isso bloquear os procedimentos para a adjudicação de obras públicas." Esta necessidade prende-se com o facto de ser preciso (ou não mas esta é uma discussão na qual não quero entrar por variadíssimos motivos) que o Estado, através do recurso ao investimento e despesa públicas relance a economia em tempos de crise. Também é necessária celeridade na implementação das medidas para que estas possam ser efectivas. Este argumento é muito bom, no entanto, devia haver, por parte do Estado, maior seriedade nas fases preparatórias do procedimento tendente à celebração de contratos públicos.
Há falta de ponderação sobre o mérito de muitos projectos, há projectos inúteis. A nível do património cultural o "novo museu do coche" o enterro da linha do Tua, são alguns dos exemplos das obras que são feitas e não deviam. Obras de reparação e manutenção de infra-estruturas culturais, ferroviárias… não são feitas.
É por estes motivos que, apesar de saber que não podemos ter obras paradas indefinidamente, principalmente nesta fase da nossa história, não consigo deixar de estar contra determinadas obras. É difícil ver que há actos que vão afectar irreversivelmente o nosso país, que, quanto ao mérito, são deficientes e manter-nos parados. Não se pede eterna discussão, até porque, por estes lados desde cedo se aprendeu a perder e ganhar pelos argumentos, pede-se apenas adequada ponderação, a ponderação que merece este tipo de procedimento.
sábado, 14 de março de 2009
Fotografias da linha do Tua
Confesso que tenho roubado quase todas as fotografias da linha do Tua que por aqui passam. Como já me envergonho de o fazer deixo aqui as hiperligações para a fonte [1][2]…
Já recomendei o blogue "A linha é Tua" várias vezes, assim como o sítio do Movimento Cívico pela Linha do Tua. Mas não me canso de chamar a atenção para eles, principalmente quando revejo aquela paisagem e penso que ela pode vir a dar lugar a um espelho de água e ao desaparecimento da linha por onde fui conduzido durante a minha meninice. Para além dos sentimentalismos, foi por aqui que grande parte do desenvolvimento de Trás-os-Montes passou e é por aqui que pode continuar a passar, nos carris e não em barragens.
Não é por ser a minha terra (ou lá perto) mas esta zona é linda.
sexta-feira, 13 de março de 2009
Prova de que anda tudo doido (ou um neófito a dizer generalidades sobre Direitos de Autor e de Propriedade Industrial, Direito Processual Penal, laivos de totalitarismo, ganância e estupidez).
Ficou grande, desculpem.
Os direitos de autor, para além de atribuírem um direito de exclusivo de utilização e reprodução de uma qualquer obra de cariz literário ou artístico também têm uma função social (como todos os direitos) que passa pela permissão de que todos e forma igual, ou relativamente igual, possam usufruir dos bens culturais e possam, mais tarde reproduzi-los livremente. No caso do Direito Industrial a tutela conferida por este tipo de direitos de monopólio serve também para que os inventores mostrem como se constrói o invento para que posteriormente, após a caducidade do direito, qualquer pessoa possa utilizar aquela fórmula que foi publicitada. Estes direitos servem para desincentivar o inventor a esconder a técnica por detrás do invento e facilitar, assim, o desenvolvimento.
Para haver um direito de Autor tem de haver originalidade da obra, o que me leva a perguntar: como deve o Estado proceder (na medida em que é ele que procede à tutela desses direitos) se eu reproduzo uma cópia pretensamente protegida por um direito registado cujo original está já no domínio público? Deve tutelar o direito impedindo-me a todo custo de obter "ilegalmente" uma cópia tendo eu o ónus de explicar que afinal o "direito" do editor não existe porque é uma cópia de um original pertencente ao domínio público ou deve deixar-me aceder a essa informação e só posteriormente verificar, a pedido do lesado que tem de provar a originalidade da obra, a violação de um direito e declarando-me obrigado a indemnizar por causa dessa violação e condenando-me pela prática de um crime?
Para além disto há que referir que a tutela deste tipo de direitos está longe de ser pacífica. Nos EUA, por exemplo, ela só surgiu muito tardiamente o que faz com que se levante a suspeita sobre a sua mais-valia económica. Não deixa, também, de ser altamente criticável a forma como estes direitos são utilizados.
Tudo isto por causa desta notícia:
"O produtor musical Tózé Brito considera necessário que o Governo faça um acordo com as operadoras de telecomunicações portuguesas para cortar o acesso à Internet a quem descarregue músicas ilegalmente."
Tózé Brito lembra que, "através do número de identificação do computador, as operadoras de telecomunicações sabem quem faz "downloads" ilegais, podendo, por isso, cortar-lhe o acesso à Internet, e avisar as autoridades para que o computador seja apreendido".
A seguir dá o exemplo da "Irlanda, a França e do Reino Unido", e diz que: "Quando isso começar a suceder as pessoas pensam duas ou três vezes antes de fazerem 'downloads' ilegais", sublinhou, frisando que, embora a repressão judicial não seja o melhor caminho, "a prisão de meia dúzia de pessoas que agem ilegalmente, de forma sistemática, também teria efeitos positivos".
Para além da violação desproporcional aos direitos fundamentais e da manifesta inconstitucionalidade desta solução. Para além dos problemas relacionados com conhecimentos fortuitos e de prova em Direito Processual Penal. Para além do facto de a violação dos direitos de autor ser uma "bagatela penal". Para além do facto de o Estado, nesta solução, investir privados de poderes amplíssimos de devassa da vida privada e da consequente necessidade de reforçar o controlo dos mesmos. Deixo uma questão: concordará Tozé Brito que o Estado, a mulher dele e qualquer pessoa com quem ele tem relações jurídicas possam vasculhar-lhe a correspondência, o correio electrónico, a internet o telefone e o telemóvel para saber se ele viola algum dever? Concordará que o Ministério das Finanças lhe verifique todas as contas bancárias em Portugal e no estrangeiro (se as tiver), recibos correspondência mensagens de SMS para ver se ele não pratica nenhum crime de evasão fiscal? E o Ministério Público pode dar-lhe uma vista de olhos em todas as comunicações para se certificar que não comete nenhum crime?
O problema do controlo do Estado não está no ditado "quem não deve não teme" mas numa questão histórica. A história, óptimo laboratório das chamadas ciências sociais, diz-nos que o Estado quando se começa a meter excessivamente na vida das pessoas acaba por escravizá-las e doutriná-las. Acaba por lhes retirar a liberdade. Que democracia teremos quando não se não puder fazer nada sem que o Estado saiba, quando não podermos ter uma conversa "natural" porque um "Big Brother" orweliano nos está a ver.
Uma questão interessante e assaz anunciada é a que resulta desta frase: "no espaço de seis ou sete anos, as vendas de discos e dvd's, que atingiam os 100 milhões de euros por ano, caíram para metade, defende que a indústria vai sobreviver mas, para isso, precisa que os poderes públicos cumpram a sua obrigação". Esta frase visa imputar toda a quebra das vendas à pirataria informática mas a quebra de rendimentos das pessoas, é suficiente para explicar grande parte deste decréscimo. A maioria das pessoas com dinheiro prefere comprar este tipo de bens que fazer download ilegal.
Não discordo e até defendo a protecção dos direitos de autor na medida em que o processo de criação de qualquer obra com qualidade é dispendioso mas façam-me um favor… isto é ridículo!
Textos não jurídicos interessantes relacionados com este tema: aqui e nas hiperligações que este texto tem. Este site ainda está de graça mas pode voltar a ser pago, cliquem na publicidade porque é um meio de financiar o site.